quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Importa que Ele cresça e eu diminua (Jo 3,30)

O Ministério de Música é a face de Cristo para a RCC, pois nos colocamos a frente e estamos sempre inseridos em todo o contexto dos Grupos de Oração, experiências de oração, retiros para formação, etc.

Ocupamos sempre um lugar privilegiado no contato com as ovelhas do Senhor e assim assumimos a grande responsabilidade e a missão de cativar tal qual Cristo o faria, de amar, de ser rosto e memória de Jesus para aquelas almas sedentas por experimentar a água viva do Espírito Santo. O ministério de música é o amor e a misericórdia de Cristo expressos por palavras, notas, melodias, canções, gestos e olhares de cada ministro de música.
Inseridos numa sociedade fundamentada no subjetivismo, onde cada um só quer o melhor para si, a disputa e a competição pelos primeiros lugares crescem cada vez mais, onde a busca pelo poder e pelo prazer é sempre o mais importante e por sermos de natureza humana e pecadora somos inebriados facilmente por estarmos ocupando um lugar de destaque nas nossas reuniões.

O inimigo quer nos derrubar porque sabe que somos o batalhão de frente e que quando ministramos na unção do Senhor nossa música torna-se como uma lança afiada a tocar os corações das pessoas (Mons. Jonas Abib). Como somos muito sensíveis, o inimigo alimenta nossa vaidade com aplausos, elogios e vamos nos sentindo os melhores, sentindo que somos nós que estamos fazendo tudo sozinhos e aí, mesmo com a melhor das técnicas, nosso ministério vai se tornando vazio e totalmente sem sentido.

João Batista, desde o início, tinha plena convicção do seu ministério, ele sabia que o seu papel era somente o de anunciar a vinda do Senhor, “Eu não sou o Cristo. Eu sou a voz que clama no deserto: Endireitai o caminho do Senhor. Eu batizo com água, mas no meio de vós está Quem vem depois de mim, eu não sou digno de lhe desatar a correia do calçado” (Jo 1, 20;23;27). E quando seus discípulos o questionam, enciumados, pelo fato das pessoas estarem seguindo a Jesus, João responde na maior doçura: “É preciso que ele cresça e eu diminua” (Jo 3,3). Quanta humildade, quanto despojamento! Isso sim é morrer para os desejos da carne para fazer a vontade do Senhor!

São Paulo mesmo nos exorta: “Que tens tu que não tenhas recebido? E se o recebeste, por que te glorias como se não o tivesse recebido? (I Cor 4,7). Por que tantas vezes pensamos ser donos daquilo que pertence ao Senhor? Queremos sempre que a nossa voz apareça mais, que o nosso instrumento seja o mais alto, para nós nos destacarmos, para que nós sejamos o centro. Precisamos reconhecer o nosso nada, a nossa absoluta dependência de Deus e nos manter no lugar que nos compete, sendo aquilo que somos: somente instrumentos nas mãos do Senhor.

Deixar que Jesus cresça e nós diminuamos é também dar oportunidade aos outros que vão chegando ao nosso ministério criando um ambiente de acolhida. É estar em constante formação de novos servos e ter sempre a convicção de que o ministério é de Deus e não nosso e como administradores da vinha do Senhor devemos pensar na sobrevivência do mesmo uma vez que estivermos ausentes. É ministrar com o coração alegre mesmo passando por provações e dificuldades, possibilitando que nossa fé transpareça no sofrimento sabendo que “o problema é meu mais o rosto é do outro” (Mons. Jonas Abib).

Deixar que o Senhor cresça é nos colocarmos a serviço do outro, sacrificando nossas vontades para fazer o outro feliz. É conhecer as nossas ovelhas, saber as necessidades de cada uma, reconhecer as abatidas e ajudá-las, amparar as desanimadas e fortalecer as fracas.

Deixar que Ele cresça e eu diminua é, acima de tudo, buscar constantemente uma vida de santidade, é ter atitudes santas, olhares santos, jeito santo, pois só teremos novos e bons servos ministros de música se eles, olhando para nós e para nossa luta pela santidade, verem a Jesus.

Que seja sempre assim: Por Cristo, com Cristo e em Cristo! A Ele a honra, a glória, o domínio, o poder, o aplauso, tudo provém Dele e volta a Ele. A nós a humildade, o despojamento, o serviço, enfim, que a cada dia mais Ele cresça e nós diminuamos. E cumprindo aquilo que Ele nos mandou, digamos: “Somos servos inúteis, fizemos o que devíamos fazer” (Lc 17,10). Amém!


Referências:

 - Bíblia Sagrada Edição Pastoral
  - Músicos em Ordem de Batalha/Mons. Jonas Abib. Editora: Canção Nova

 Sobre a autora

Rênia Ferreira Mendes participa do Grupo de Oração Bom Pastor e atualmente coordena o Ministério de Música e Artes na Diocese de Oliveira.

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