sexta-feira, 2 de novembro de 2012

A força da Palavra de Deus cantada

Quero começar com a seguinte história:

"Um certo homem era um grande pedreiro, um verdadeiro artista, fazia com perfeição seu trabalho. Era honesto e pontual no término de suas obras. Para ele, trabalhar era mais do que uma obrigação, era sua paixão. Tudo ele fazia com muito amor: preparava a massa, o cimento, areia, água....
Ser pedreiro era tudo na sua vida. Envolvia-se tanto com seu trabalho que, um dia, colocou seus pés dentro da massa que estava preparando e começou a sonhar. Deixou os sentimentos envolverem seus pensamentos e medos tomaram conta dele. Ficou ali pensando o que seria dele se, um dia, perdesse esse emprego. "E se eu não fizer aquela parede melhor do que outros pedreiros?". Passou tanto tempo ali que, quando percebeu, a massa já havia endurecido e prendido seus pés.

Claro que essa história é só ilustrativa, mas era isso que Deus me mostrava em minha oração. Muitas vezes, amamos tanto nosso ministério, mas nos esquecemos que ele é só a massa para fazer a obra. Somos, sim, os pedreiros que vão edificar o Evangelho no coração das pessoas, mas o Mestre dessa obra é Deus. Amamos tanto nosso ministério, a música, a banda, que acabamos ficando presos nele. E quem perde com isso? Nós e a obra.

Presos ao nosso ministério, deixamos de cantar a Palavra de Deus e passamos a cantar a nossas palavras, nossas verdades e até coisas boas que aprendemos. Mas não estamos ali somente para passar coisas que partem de nós, estamos para proclamar a força da Palavra do Senhor para as pessoas. No entanto, se ficarmos presos ao nosso ministério, não vamos conseguir.
Chamo de prisão nosso medo de perder "nossa Missa", "nosso" grupo de oração, medo de perder prestígio, o lugar, etc. Veja: cantamos a Palavra de Deus em nossas canções e devemos estar presos somente a elas. Temos de nos deixar envolver pela Palavra e, assim, edificar a vida dos outros como bons servidores dessa obra, na qual, repito, Deus é o Mestre. Quando estou firme na Palavra, meu canto passa a ser libertação, passa a ser presença do Senhor, ânimo para as pessoas. Quando estou firme em mim mesmo, na minha “massa”, meu canto passa a ser somente sentimento.
Não somos chamados a passar sentimentos ao povo que nos escuta, mas a verdade do Evangelho, da Palavra, levando-as a um encontro pessoal com Jesus. É uma grande missão, uma grande obra. Maior que nossos medos, receios, perdas etc.  

Canta a Palavra de Deus quem vive e/ou busca viver o Evangelho, pois sem isso nosso canto se torna uma mentira, pois o cantamos, mas o não vivemos. Não basta amar a música, porque ela só será a massa da obra. É preciso amar o Mestre da obra e fazer, cada vez melhor, nosso trabalho.

Aquele pedreiro era bom, dedicado, mas o amor dele estava todo em si e nas obras que fazia. Precisamos ser diferentes, precisamos ser dedicados, responsáveis; para isso, nosso amor todo deve estar em Deus e levarmos ao povo a força da palavra libertadora, que já nos convenceu, nos transformou e ainda precisa transformar muitos por meio de nós.

André W. Florêncio
Missionário da Comunidade Canção Nova
 

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