O Fruto da Amabilidade - O fruto da amabilidade, ou afabilidade, é o cumprimento da ordem de Jesus: “Tudo o que quereis que os homens vos façam, fazei-o vós a eles” (Mt 7,12).
É simples: como gostaria de ser tratado, eu trato os outros, tudo o que gostaria de receber dos outros, eu dou a eles: respeito, boas maneiras, educação, agir com justiça, tratar os outros como se fossem pessoas muito importantes, pois o são, enquanto filhos de Deus. Em Romanos 12, São Paulo nos ensina: “Que vossa caridade não seja fingida. Aborrecei o mal, apegai-vos solidamente ao bem. Amai-vos mutuamente com afeição terna e fraternal. Adiantai-vos em honrar um ao outro. Socorrei às necessidades dos fiéis. Esmerai-vos na prática da hospitalidade” (Rm 12,9-10.13).
Este fruto da amabilidade transparece através de sorrisos que damos aos outros, através de palavras como: “obrigado”, “por favor”, “me desculpa”, “não tem problema”, “eu compreendo” etc.
Outros comportamentos amáveis que podemos citar: acolher sempre bem as pessoas, não deixa-las esperando por nós, interessar-se genuinamente pelos outros e fazer de tudo para que se sintam bem.
Este é um fruto que, a exemplo dos outros, só se consegue com a prática, com o exercício constante e com vigilância sobre as nossas atitudes.
O Fruto da Bondade
A Palavra de Deus nos exorta muitas vezes a praticar a bondade e contém promessas para aqueles que o fazem:
“Ajudai-vos uns aos outros a carregar os vossos fardos, e deste modo cumprireis a lei de Cristo. Não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo colheremos, se não relaxarmos. Por isso, enquanto temos tempo, façamos o bem a todos os homens, mas particularmente aos irmãos na fé” (Gl 6,2.9-10).
“Finalmente, tende um só coração e uma só alma, sentimentos de amor fraterno, de misericórdia, de humildade. Não pagueis mal com mal, nem injúria com injúria. Ao contrário, abençoai, pois para isto fostes chamados, para que sejais herdeiros da bênção. Com efeito, quem quiser amar a vida e ver dias felizes, refreie sua língua do mal e seus lábios de palavras enganadoras; aparte-se do mal e faça o bem, busque a paz e siga-a. Porque os olhos do Senhor estão sobre os justos e seus ouvidos, atentos a seus rogos; amas a força do Senhor está contra os que fazem o mal” (1Pd 3,8-12).
“Não te irrites por causa dos que agem mal, nem invejes os que praticam a iniquidade, pois logo eles serão ceifados como a erva dos campos, e como a erva murcharão. Espera no Senhor e faze o bem; habitarás a terra em plena segurança. Põe tuas delícias no Senhor, e os desejos do teu coração ele atenderá. Confia ao Senhor a tua sorte, espera nele e ele agirá. Como a luz, fará brilhar a tua justiça; e como o sol do meio-dia o teu direito” (Sl 36,1-6).
Além de promessas, existem ainda leis espirituais sobre fazer o bem:
A lei da reciprocidade: “E estai certos de que cada um receberá do Senhor a recompensa do bem que tiver feito, quer seja escravo, quer livre” (Ef 6,8). Lei espiritual é como uma lei da física, ela sempre se cumpre. Portanto, nós podemos ter a certeza absoluta de que quando fazemos o bem a uma pessoa a recompensa vem do Senhor e não da pessoa. Isso nos deixa livres para fazer o bem sem olhar a quem.
A lei do pecado: “Aquele que souber fazer o bem e não o faz, peca” (Tg 4,17).
A lei da soberania: “Não te deixa vencer pelo mal, mas triunfa do mal com o bem” (Rm 12,21).
O mal é a manifestação do caráter do demônio, portanto, quando diante do mal, eu coloco a manifestação do caráter de Deus, que é o bem, eu derroto o mal.
Existem ainda muitas outras passagens da Bíblia que nos ensinam sobre fazer o bem, mas estas já são suficientes para nos ensinar que fazer o bem consiste em obras concretas de caridade, de ajuda mútua, de misericórdia, mas consiste também em fazer o bem com nossas palavras, em fazer o bem semeando a paz.
Ser bom compensa, porque os passos do homem bom são guiados pelo Senhor. Além disso, a pessoa que faz o bem tem uma autoestima elevada. Se continuamente fizer o bem, ela recebe grandeza de alma.
O Fruto da Lealdade
O fruto da lealdade, ou fidelidade, tem três implicações, ser fiel a Deus, ser fiel ao nosso chamado e ser fiel aos outros.
Recorremos a São Paulo para falar de lealdade a Deus: “A ninguém damos qualquer motivo de escândalo, para que o nosso ministério não seja criticado. Mas em todas as coisas nos apresentamos como ministros de Deus, por uma grande constância nas tribulações, nas misérias, nas angústias, no açoite, nos cárceres, nos tumultos populares, nos trabalhos, nas vigílias, nas privações; pela pureza, pela ciência, pela longanimidade, pela bondade, pelo Espírito Santo, por uma caridade sincera, pela palavra da verdade, pelo poder de Deus; pelas armas da justiça ofensivas e defensivas...” (2Cor 6,3-7).
Portanto, pelo poder do Espírito Santo, quando somos justos, firmes nas tribulações, não nos queixando e não reclamando de Deus, constantes no serviço ao Senhor, servindo aos outros, quando somos puros, bondosos, justos e verdadeiros e se amamos sinceramente a Deus e ao próximo, então estamos sendo leais a Deus. Como nos diz Paulo: “Em todas as coisas nos apresentamos como ministros de Deus”.
Somos leais ao nosso chamado quando, com toda a constância, com todo o zelo e de coração alegre, procuramos exercer o nosso ministério, servindo à Renovação e, portanto, à Igreja; quando procuramos crescer em conhecimento, através da formação que nos é oferecida dentro da Renovação e do que nos é oferecido através do Magistério da Igreja; quando procuramos crescer em graça através da oração pessoal, da leitura da Bíblia e da frequência aos sacramentos. Não podemos esquecer, porém, que o nosso chamado tem uma identidade: somos chamados a sermos testemunhas do Batismo no Espírito Santo, a sermos, em outras palavras, apóstolos da efusão do Espírito Santo. Viver a vida no Espírito é o nosso chamado e precisamos ser fiéis a ele, pois é assim que o Senhor nos quer na Igreja e no mundo.
Somos leais aos outros quando o nosso amor por eles se fundamenta na verdade, quando não somos fingidos, dissimulados, falsos, falando deles pelas costas, julgando-os com maldade.
Jesus já nos advertiu: “A boca fala daquilo de que o coração está cheio. Quem é bom faz sair coisas boas de seu tesouro, que é bom. Mas quem é mau faz sair coisas más de seu tesouro, que é mau. Eu vos digo: de toda palavra vã que se proferir há de se prestar conta, no dia do juízo. Por causa das tuas palavras serás considerado justo; e por causa de tuas palavras serás condenado” (Mt 12,34b-37).
“Eu, porém, vos digo: todo aquele que tratar seu irmão com raiva será acusado perante o tribunal; quem disser ao seu irmão ‘imbecil’ será acusado perante o sinédrio; quem chamar o seu irmão de louco será condenado ao fogo do inferno” (Mt 5,22).
Para sermos leais aos outros, temos que guardar o nosso coração. Jesus nos ensina: “É do coração que saem as más intenções: homicídios, adultérios, imoralidade sexual, roubos, falsos testemunhos e calúnias. Isso é que torna alguém impuro” (Mt 15,19-20a).
São muitos os ensinamentos de Jesus com respeito à lealdade nos relacionamentos. Correção fraterna é um deles: “Se teu irmão pecar contra ti, vai corrigi-lo, tu ele a sós! Se ele te ouvir, terás ganho o teu irmão” (Mt 18,15). Isso é ser leal, falar com a pessoa e não da pessoa.
Só consegue ser realmente leal quem tem temor de Deus, nunca julgando o outro, mas mudando a si mesmo, pois como somos é que geraremos vida para Deus.
São Paulo também explica o que é a lealdade aos outros quando fala da pregação evangélica (e não somos todos nós pregadores do Evangelho no sentido de que pregamos com a própria vida mais do que com as palavras?): “Afastamos de nós todo procedimento fingido e vergonhoso. Não andamos com astúcia, nem falsificamos a palavra de Deus. Pela manifestação da verdade, nós nos recomendamos à consciência de todos os homens, diante de Deus” (2Cor 4,2).
Traduzindo em termos práticos estas palavras de São Paulo, significam não fazermos nada aos outros de que não nos envergonharíamos diante de Deus. Não são armas que o Senhor nos dá para combater o que está errado, Ele nos dá o Espírito Santo para que nos amemos.
Ser leal é ainda sermos defensores das pessoas e não acusadores. O acusador tem um nome: Satanás. O defensor também tem um nome: Paráclito. Jesus Cristo é Paráclito, o Espírito Santo é Paráclito, isto é advogado de defesa, isto quem nos diz é o próprio Senhor: “E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Paráclito para que fique eternamente convosco. É o Espírito da Verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece, mas vós o conhecereis, porque permanecerá convosco e estará em vós” (Jo 14,16-17).
“Simão, Simão, eis que Satanás vos reclamou para vos peneirar como trigo, mas eu roguei por ti para que a tua confiança não desfaleça” (Lc 22,31-32a).
“Agora chegou a salvação, o poder e a realeza de nosso Deus, assim como a autoridade de seu Cristo, porque foi precipitado o acusador de nossos irmãos, que os acusava, dia e noite, diante de nosso Deus” (Ap 12,10).
Como sinal de nosso amor e reconhecimento a Deus, que sempre é justo, verdadeiro, leal e santo, que sempre usa de misericórdia e bondade para conosco, o mínimo que podemos fazer é sermos leais a Ele, ao nosso chamado e aos nossos irmãos e irmãs.
O Fruto da Mansidão
O fruto da mansidão, ou brandura, é muito importante na implantação da civilização do amor. O manso sempre promove a paz. O manso não fica irado, não tenta de nenhuma maneira fazer justiça com as próprias mãos, mas deixa agir a justiça e a ira de Deus. “Não vos vingueis uns aos outros, caríssimos, mas deixei agir a ira de Deus, porque assim está escrito: A mim exercer a justiça, diz o Senhor (Dt 32,35). Se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber. Procedendo assim, amontoarás carvões em brasa sobre a sua cabeça (Pv 25,21s). Não te deixes vencer pelo mal, mas triunfa do mal com o bem” (Rm 12,19-21).
O manso não faz uso, jamais, da Lei do Talião, a lei do “olho por olho, dente por dente”; ao contrário, ele segue os ensinamentos de Jesus: “Tendes ouvido o que foi dito: olho por olho; dente por dente. Eu, porém, vos digo: Não resistais ao mau. Se alguém te ferir a face direita, oferece-lhe também a outra. Se alguém te citar em justiça para tirar-te a túnica, cede-lhe também a capa. Se alguém vem obrigar-te a andar mil passos com ele, anda dois mil” (Mt 5,38-40). E ainda: “Eu, porém, vos digo: amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, orai pelos que vos maltratam e perseguem” (Mt 5,44).
O Fruto da Temperança
O fruto da temperança é também chamado de autodomínio. A temperança é o equilíbrio no uso dos bens criados e moderação nos prazeres. Inclui o autodomínio no comer, no beber, no divertir-se e em todas as áreas de nossa vida que podem ser afetadas pelos cinco sentidos, isto é, todo o que nos afeta através do tato, do olfato, da audição e da visão. É também o nosso modo de nos relacionarmos com os bens materiais.
As formas da virtude da temperança são a humildade, a sobriedade, a mansidão e a castidade. Exercitamos a temperança quando pensamos antes de agir, lapidando os nossos instintos e fortalecendo o autodomínio.
A temperança é uma virtude moral que precisa ser exercitada para ser fortalecida. Se não exercitarmos os “músculos morais”, eles se acabam afrouxando e até se atrofiando. É capaz de exercer esta virtude quem se coloca sob o senhorio de Jesus, deixando Jesus e sua doutrina reinarem sobre todas as decisões e atitudes, mesmo as mais comuns do viver diário.
Uma coisa é certa: quando nos esforçamos para agradar a Deus e convidamos Jesus para ser o Senhor de toda a nossa vida, então o Espírito Santo vem em nosso auxílio e nos ajuda, recebemos uma “força do alto” para usufruir com moderação e sobriedade todos os bens que Deus nos dá.
Na sua primeira epístola, São João nos adverte: “Não ameis o mundo, nem as coisas do mundo. Se alguém ama o mundo, não está nele o amor do Pai. Porque tudo o que há no mundo - a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida - não procedem do Pai, mas do mundo. O mundo passa com suas concupiscências, mas quem cumpre a vontade de Deus permanece eternamente” (1Jo 2,15-17).
CONCLUSÃO
A carta de São Paulo aos Efésios, nos capítulos imediatamente após àquele que fala dos frutos do Espírito Santo diz: “Não vos enganeis: de Deus não se zomba. O que o homem semeia, isso mesmo colherá. Quem semeia na carne, da carne colherá corrupção; quem semeia no Espírito, do Espírito colherá a vida eterna” (Ef 6,7-8).
Que a palavra de Deus nos ajude a escolher, na nossa liberdade de filhos de Deus, a vida no Espírito para podermos colher seus frutos e não sermos cortados da “Videira Verdadeira”, Jesus Cristo, o único que pode nos levar à salvação e à vida eterna.
É simples: como gostaria de ser tratado, eu trato os outros, tudo o que gostaria de receber dos outros, eu dou a eles: respeito, boas maneiras, educação, agir com justiça, tratar os outros como se fossem pessoas muito importantes, pois o são, enquanto filhos de Deus. Em Romanos 12, São Paulo nos ensina: “Que vossa caridade não seja fingida. Aborrecei o mal, apegai-vos solidamente ao bem. Amai-vos mutuamente com afeição terna e fraternal. Adiantai-vos em honrar um ao outro. Socorrei às necessidades dos fiéis. Esmerai-vos na prática da hospitalidade” (Rm 12,9-10.13).
Este fruto da amabilidade transparece através de sorrisos que damos aos outros, através de palavras como: “obrigado”, “por favor”, “me desculpa”, “não tem problema”, “eu compreendo” etc.
Outros comportamentos amáveis que podemos citar: acolher sempre bem as pessoas, não deixa-las esperando por nós, interessar-se genuinamente pelos outros e fazer de tudo para que se sintam bem.
Este é um fruto que, a exemplo dos outros, só se consegue com a prática, com o exercício constante e com vigilância sobre as nossas atitudes.
O Fruto da Bondade
A Palavra de Deus nos exorta muitas vezes a praticar a bondade e contém promessas para aqueles que o fazem:
“Ajudai-vos uns aos outros a carregar os vossos fardos, e deste modo cumprireis a lei de Cristo. Não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo colheremos, se não relaxarmos. Por isso, enquanto temos tempo, façamos o bem a todos os homens, mas particularmente aos irmãos na fé” (Gl 6,2.9-10).
“Finalmente, tende um só coração e uma só alma, sentimentos de amor fraterno, de misericórdia, de humildade. Não pagueis mal com mal, nem injúria com injúria. Ao contrário, abençoai, pois para isto fostes chamados, para que sejais herdeiros da bênção. Com efeito, quem quiser amar a vida e ver dias felizes, refreie sua língua do mal e seus lábios de palavras enganadoras; aparte-se do mal e faça o bem, busque a paz e siga-a. Porque os olhos do Senhor estão sobre os justos e seus ouvidos, atentos a seus rogos; amas a força do Senhor está contra os que fazem o mal” (1Pd 3,8-12).
“Não te irrites por causa dos que agem mal, nem invejes os que praticam a iniquidade, pois logo eles serão ceifados como a erva dos campos, e como a erva murcharão. Espera no Senhor e faze o bem; habitarás a terra em plena segurança. Põe tuas delícias no Senhor, e os desejos do teu coração ele atenderá. Confia ao Senhor a tua sorte, espera nele e ele agirá. Como a luz, fará brilhar a tua justiça; e como o sol do meio-dia o teu direito” (Sl 36,1-6).
Além de promessas, existem ainda leis espirituais sobre fazer o bem:
A lei da reciprocidade: “E estai certos de que cada um receberá do Senhor a recompensa do bem que tiver feito, quer seja escravo, quer livre” (Ef 6,8). Lei espiritual é como uma lei da física, ela sempre se cumpre. Portanto, nós podemos ter a certeza absoluta de que quando fazemos o bem a uma pessoa a recompensa vem do Senhor e não da pessoa. Isso nos deixa livres para fazer o bem sem olhar a quem.
A lei do pecado: “Aquele que souber fazer o bem e não o faz, peca” (Tg 4,17).
A lei da soberania: “Não te deixa vencer pelo mal, mas triunfa do mal com o bem” (Rm 12,21).
O mal é a manifestação do caráter do demônio, portanto, quando diante do mal, eu coloco a manifestação do caráter de Deus, que é o bem, eu derroto o mal.
Existem ainda muitas outras passagens da Bíblia que nos ensinam sobre fazer o bem, mas estas já são suficientes para nos ensinar que fazer o bem consiste em obras concretas de caridade, de ajuda mútua, de misericórdia, mas consiste também em fazer o bem com nossas palavras, em fazer o bem semeando a paz.
Ser bom compensa, porque os passos do homem bom são guiados pelo Senhor. Além disso, a pessoa que faz o bem tem uma autoestima elevada. Se continuamente fizer o bem, ela recebe grandeza de alma.
O Fruto da Lealdade
O fruto da lealdade, ou fidelidade, tem três implicações, ser fiel a Deus, ser fiel ao nosso chamado e ser fiel aos outros.
Recorremos a São Paulo para falar de lealdade a Deus: “A ninguém damos qualquer motivo de escândalo, para que o nosso ministério não seja criticado. Mas em todas as coisas nos apresentamos como ministros de Deus, por uma grande constância nas tribulações, nas misérias, nas angústias, no açoite, nos cárceres, nos tumultos populares, nos trabalhos, nas vigílias, nas privações; pela pureza, pela ciência, pela longanimidade, pela bondade, pelo Espírito Santo, por uma caridade sincera, pela palavra da verdade, pelo poder de Deus; pelas armas da justiça ofensivas e defensivas...” (2Cor 6,3-7).
Portanto, pelo poder do Espírito Santo, quando somos justos, firmes nas tribulações, não nos queixando e não reclamando de Deus, constantes no serviço ao Senhor, servindo aos outros, quando somos puros, bondosos, justos e verdadeiros e se amamos sinceramente a Deus e ao próximo, então estamos sendo leais a Deus. Como nos diz Paulo: “Em todas as coisas nos apresentamos como ministros de Deus”.
Somos leais ao nosso chamado quando, com toda a constância, com todo o zelo e de coração alegre, procuramos exercer o nosso ministério, servindo à Renovação e, portanto, à Igreja; quando procuramos crescer em conhecimento, através da formação que nos é oferecida dentro da Renovação e do que nos é oferecido através do Magistério da Igreja; quando procuramos crescer em graça através da oração pessoal, da leitura da Bíblia e da frequência aos sacramentos. Não podemos esquecer, porém, que o nosso chamado tem uma identidade: somos chamados a sermos testemunhas do Batismo no Espírito Santo, a sermos, em outras palavras, apóstolos da efusão do Espírito Santo. Viver a vida no Espírito é o nosso chamado e precisamos ser fiéis a ele, pois é assim que o Senhor nos quer na Igreja e no mundo.
Somos leais aos outros quando o nosso amor por eles se fundamenta na verdade, quando não somos fingidos, dissimulados, falsos, falando deles pelas costas, julgando-os com maldade.
Jesus já nos advertiu: “A boca fala daquilo de que o coração está cheio. Quem é bom faz sair coisas boas de seu tesouro, que é bom. Mas quem é mau faz sair coisas más de seu tesouro, que é mau. Eu vos digo: de toda palavra vã que se proferir há de se prestar conta, no dia do juízo. Por causa das tuas palavras serás considerado justo; e por causa de tuas palavras serás condenado” (Mt 12,34b-37).
“Eu, porém, vos digo: todo aquele que tratar seu irmão com raiva será acusado perante o tribunal; quem disser ao seu irmão ‘imbecil’ será acusado perante o sinédrio; quem chamar o seu irmão de louco será condenado ao fogo do inferno” (Mt 5,22).
Para sermos leais aos outros, temos que guardar o nosso coração. Jesus nos ensina: “É do coração que saem as más intenções: homicídios, adultérios, imoralidade sexual, roubos, falsos testemunhos e calúnias. Isso é que torna alguém impuro” (Mt 15,19-20a).
São muitos os ensinamentos de Jesus com respeito à lealdade nos relacionamentos. Correção fraterna é um deles: “Se teu irmão pecar contra ti, vai corrigi-lo, tu ele a sós! Se ele te ouvir, terás ganho o teu irmão” (Mt 18,15). Isso é ser leal, falar com a pessoa e não da pessoa.
Só consegue ser realmente leal quem tem temor de Deus, nunca julgando o outro, mas mudando a si mesmo, pois como somos é que geraremos vida para Deus.
São Paulo também explica o que é a lealdade aos outros quando fala da pregação evangélica (e não somos todos nós pregadores do Evangelho no sentido de que pregamos com a própria vida mais do que com as palavras?): “Afastamos de nós todo procedimento fingido e vergonhoso. Não andamos com astúcia, nem falsificamos a palavra de Deus. Pela manifestação da verdade, nós nos recomendamos à consciência de todos os homens, diante de Deus” (2Cor 4,2).
Traduzindo em termos práticos estas palavras de São Paulo, significam não fazermos nada aos outros de que não nos envergonharíamos diante de Deus. Não são armas que o Senhor nos dá para combater o que está errado, Ele nos dá o Espírito Santo para que nos amemos.
Ser leal é ainda sermos defensores das pessoas e não acusadores. O acusador tem um nome: Satanás. O defensor também tem um nome: Paráclito. Jesus Cristo é Paráclito, o Espírito Santo é Paráclito, isto é advogado de defesa, isto quem nos diz é o próprio Senhor: “E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Paráclito para que fique eternamente convosco. É o Espírito da Verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece, mas vós o conhecereis, porque permanecerá convosco e estará em vós” (Jo 14,16-17).
“Simão, Simão, eis que Satanás vos reclamou para vos peneirar como trigo, mas eu roguei por ti para que a tua confiança não desfaleça” (Lc 22,31-32a).
“Agora chegou a salvação, o poder e a realeza de nosso Deus, assim como a autoridade de seu Cristo, porque foi precipitado o acusador de nossos irmãos, que os acusava, dia e noite, diante de nosso Deus” (Ap 12,10).
Como sinal de nosso amor e reconhecimento a Deus, que sempre é justo, verdadeiro, leal e santo, que sempre usa de misericórdia e bondade para conosco, o mínimo que podemos fazer é sermos leais a Ele, ao nosso chamado e aos nossos irmãos e irmãs.
O Fruto da Mansidão
O fruto da mansidão, ou brandura, é muito importante na implantação da civilização do amor. O manso sempre promove a paz. O manso não fica irado, não tenta de nenhuma maneira fazer justiça com as próprias mãos, mas deixa agir a justiça e a ira de Deus. “Não vos vingueis uns aos outros, caríssimos, mas deixei agir a ira de Deus, porque assim está escrito: A mim exercer a justiça, diz o Senhor (Dt 32,35). Se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber. Procedendo assim, amontoarás carvões em brasa sobre a sua cabeça (Pv 25,21s). Não te deixes vencer pelo mal, mas triunfa do mal com o bem” (Rm 12,19-21).
O manso não faz uso, jamais, da Lei do Talião, a lei do “olho por olho, dente por dente”; ao contrário, ele segue os ensinamentos de Jesus: “Tendes ouvido o que foi dito: olho por olho; dente por dente. Eu, porém, vos digo: Não resistais ao mau. Se alguém te ferir a face direita, oferece-lhe também a outra. Se alguém te citar em justiça para tirar-te a túnica, cede-lhe também a capa. Se alguém vem obrigar-te a andar mil passos com ele, anda dois mil” (Mt 5,38-40). E ainda: “Eu, porém, vos digo: amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, orai pelos que vos maltratam e perseguem” (Mt 5,44).
O Fruto da Temperança
O fruto da temperança é também chamado de autodomínio. A temperança é o equilíbrio no uso dos bens criados e moderação nos prazeres. Inclui o autodomínio no comer, no beber, no divertir-se e em todas as áreas de nossa vida que podem ser afetadas pelos cinco sentidos, isto é, todo o que nos afeta através do tato, do olfato, da audição e da visão. É também o nosso modo de nos relacionarmos com os bens materiais.
As formas da virtude da temperança são a humildade, a sobriedade, a mansidão e a castidade. Exercitamos a temperança quando pensamos antes de agir, lapidando os nossos instintos e fortalecendo o autodomínio.
A temperança é uma virtude moral que precisa ser exercitada para ser fortalecida. Se não exercitarmos os “músculos morais”, eles se acabam afrouxando e até se atrofiando. É capaz de exercer esta virtude quem se coloca sob o senhorio de Jesus, deixando Jesus e sua doutrina reinarem sobre todas as decisões e atitudes, mesmo as mais comuns do viver diário.
Uma coisa é certa: quando nos esforçamos para agradar a Deus e convidamos Jesus para ser o Senhor de toda a nossa vida, então o Espírito Santo vem em nosso auxílio e nos ajuda, recebemos uma “força do alto” para usufruir com moderação e sobriedade todos os bens que Deus nos dá.
Na sua primeira epístola, São João nos adverte: “Não ameis o mundo, nem as coisas do mundo. Se alguém ama o mundo, não está nele o amor do Pai. Porque tudo o que há no mundo - a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida - não procedem do Pai, mas do mundo. O mundo passa com suas concupiscências, mas quem cumpre a vontade de Deus permanece eternamente” (1Jo 2,15-17).
CONCLUSÃO
A carta de São Paulo aos Efésios, nos capítulos imediatamente após àquele que fala dos frutos do Espírito Santo diz: “Não vos enganeis: de Deus não se zomba. O que o homem semeia, isso mesmo colherá. Quem semeia na carne, da carne colherá corrupção; quem semeia no Espírito, do Espírito colherá a vida eterna” (Ef 6,7-8).
Que a palavra de Deus nos ajude a escolher, na nossa liberdade de filhos de Deus, a vida no Espírito para podermos colher seus frutos e não sermos cortados da “Videira Verdadeira”, Jesus Cristo, o único que pode nos levar à salvação e à vida eterna.
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