A
profecia é uma mensagem de Deus, uma manifestação do Espírito para o
bem geral, pois os que profetizam edificam, exortam e confortam a
comunidade (1 Cor 12,7; 14,3). Pode ser expressada através de uma frase,
visualização ou texto da Bíblia.
Nos grupos de oração da Renovação
Carismática Católica, há muitas intervenções que são inspiradas pelo
Espírito Santo: algumas vezes, algumas pessoas se sentem movidas pelo
Espírito a partilhar uma experiência, a dizer uma oração ou a ler um
texto claramente guiado por Deus; outras vezes, uma idéia, uma
visualização ou uma moção recebida é comunicada aos outros. Quando
falamos de “profecia”, estamos nos referindo à comunicações do Senhor.
Estas podem ser expressadas de forma simples e direta, como, por
exemplo: “ Eu estou com vocês, não temam”... através de uma mensagem em
línguas e sua interpretação, através de uma canção profética ou de uma
visualização recebida.
Quando uma profecia é recebida, há dois
aspectos envolvidos: um é aquele de sentir-se movido por Deus a falar e o
outro é uma iluminação da mente para expressar a mensagem. Estes
aspectos podem ser consecutivos ou simultâneos. Sentir-se movido por
Deus a falar pode manifestar-se em sinais físicos, como o aumento dos
batimentos cardíacos, um peso que persiste, ou um impulso sereno em
dizer alguma coisa. Em qualquer caso, devemos sempre considerar de que
nenhum impulso divino é incontrolável ou deixa a pessoa perturbada: o
espírito profético deve estar sob o controle do “profeta” (1 Cor 14,32).
Por sua vez, a iluminação da mente acontece através de idéias,
palavras, frases que surgem na mente, visualizações ou inspirações
repentinas. Algumas vezes a pessoa recebe uma mensagem completa, mas é
bastante comum que a pessoa receba a mensagem como ele/ela a expressam. O
conteúdo da profecia é uma mensagem de Deus para aquele momento e seu
propósito é edificar a comunidade, confortar, dando-lhe paz e alegria,
encorajar, fortalecer, corrigir ou exortar.
Embora a profecia seja uma mensagem de
Deus, esta é dada através de uma pessoa que fala quando movida pelo
Espírito. Pela mesma razão, faz-se necessário discernimento para saber
se é genuína. Quanto mais uma pessoa estiver entregue a Deus, mais pura e
transparente será a mensagem. Este é o motivo pelo qual a profecia
deve ser discernida pela comunidade: “Quanto aos profetas, falem dois ou
três e os outros julguem” (1 Cor 14,29).
Os critérios para discernir podem ser
agrupados considerando que a mensagem de Deus deve “ter a fragrância de
Cristo...o perfume da vida conduzindo à vida”.
(2 Cor 2,14-16 ). Allan Panozza
considera cinco critérios para discernir uma profecia genuína: dar bons
frutos; estar de acordo com as Escrituras; encorajar, edificar,
exortar, trazer paz e não medo; dar glórias a Deus, e o profeta estar
sob a unção de Deus.
Através do processo de discernimento, a
profecia verdadeira, a falsa profecia, e a pseudo profecia podem ser
distinguidas. A verdadeira tem os atributos expressos acima. A falsa
profecia não aparece com freqüência e geralmente contradiz, em algumas
de suas partes, o que a Palavra de Deus ou o ensinamento da Igreja
expressam; é expressa em palavras agressivas ou condenatórias; seus
efeitos são negativos e seus frutos são a inquietude, a angústia ou a
ansiedade. Há situações que favorecem a falsa profecia: pessoas que tem
tido contato com o oculto, divisões no grupo, situações de pecado ou o
desejo por carismas extraordinários. A pseudo profecia corresponde a uma
mensagem que vem da pessoa, seja através de seus pensamentos,
sentimentos ou emoções; sem prejudicar, ela não tem o poder e a unção
que vem de Deus. Por último, há também mensagem dadas como profecias nas
quais o que vem de Deus se mistura com o que vem da pessoa. Isto
geralmente acontece quando uma pessoa começa a profetizar. Neste caso, a
pessoa responsável pelo grupo ou comunidade deve ajudar para que este
dom seja purificado no irmão ou irmã que a manifestam.
A profecia é um dom muito apreciado por
São Paulo: “Empenhai-vos em procurar a caridade. Aspirai igualmente aos
dons espirituais, mas sobretudo ao da profecia” (1 Cor 14,1).
Não desprezá-la, é uma insistência que
ele faz em suas cartas ( Tes 5, 19-21) a fim de que a apreciemos e a
promovamos em nossos grupos de oração, dando ensinos apropriados sobre o
assunto, apoiando, orientando e ajudando os irmãos e irmãs que mostram
ter este dom para que cresçam, encorajando e ensinando o grupo a
acolher e expressar a profecia que geralmente aparece em momentos de
recolhimento, adoração, longos silencias e após cantar em línguas.
Finalmente, devemos considerar que deve
haver algum tipo de autoridade a qual a profecia se submete; no grupo de
oração, são os líderes que a discernem; em outros eventos como retiros
ou reuniões, o discernimento é feito por uma equipe.
Resumindo, como a
profecia é uma mensagem inspirada pelo Espírito, é um dom altamente
estimado na Renovação Carismática e nos grupos de oração e deveria ser
convenientemente encorajado. Quando um grupo reza e invoca o Espírito,
Ele age edificando, exortando ou confortando a comunidade através de
palavras proféticas na boca de pessoas simples que se abrem à Sua ação.
Entretanto, o discernimento é essencial para distinguir a profecia
verdadeira de outras mensagens que não vem de Deus.
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