terça-feira, 31 de julho de 2012

Gigantes Carismáticos



Extraído do boletim do ICCRS (Outubro-dezembro)
Em toda a história da Igreja, de Pentecostes até o tempo presente, temos sido abençoados e encorajados pelos relatos das vidas de verdadeiros gigantes espirituais, que seguiram Jesus Cristo com amor e dedicação e que tem sido e ainda são um poderoso testemunho para fazermos o mesmo. Estes homens e mulheres foram cheios do Espírito Santo e viveram o Pentecostes em plenitude. Muitos, devido à sua docilidade ao Espírito, receberam de Deus manifestações poderosas dos carismas, em grande diversidade.
Os carismas do Espírito Santo são em número muito maior do que aqueles listados por São Paulo em I Cor. 12, 8-11, mas para fins de clareza neste artigo, vamos nos restringir a estes nove carismas e discutiremos como eles são manifestados nas vidas de alguns gigantes carismáticos.
Com tantas opções para escolhermos, é difícil até começarmos a selecionar alguns, mas assim não estaremos negando aqueles que não são mencionados. Ao preparar este artigo, comecei a fazer uma tabela simples com o nome do Santo, e então relacionei os nove dons extraordinários e marquei, ao lado do seu nome, de vários dons que sabemos terem sido manifestados na vida daquele Santo em especial.
Tomemos, como exemplo, a vida de São Pedro, o Apóstolo, e primeiro Papa. Das Sagradas Escrituras, principalmente em Atos dos Apóstolos, vemos que todos os nove dons foram manifestados na vida dele. Ao olharmos para estas referências Bíblicas, vemos o poder o Espírito Santo operando na vida de São Pedro.
Dom da Sabedoria: Atos 2, 14-40: Pregação inspirada com sabedoria;
Palavra de Sabedoria: Atos 5, 1-11: O Relato de Ananias e Safira;
Fé: Atos 9,36-42: A história da ressurreição de Tabita dos mortos (Este é também o dom dos milagres que se segue ao dom da fé de conhecer a vontade de Deus);
Cura: Atos 3,1-10: A cura do coxo à porta do templo;
Milagres: Atos 5, 15: A sombra de Pedro cobrindo pessoas – cura e milagres;
Profecia: (visões) Atos 2,39: “A promessa é para vós, para os vossos filhos e para todos os que ouvirem de longe o apelo do Senhor, nosso Deus”. Atos 10: A visão preparando Pedro para ir até os Gentios;
Discernimento dos espíritos: Atos 5: Ananias e Safira mentindo para o Espírito Santo;
Línguas: Atos 2: Pentecostes;
Interpretação de línguas: Sem menção específica, mas houve interpretação de línguas em Pentecostes.
Você pode fazer o mesmo com São Paulo e vale a pena relacionar os nove dons e procurar nas Escrituras versículos e relatos de quando São Paulo usou estes carismas. Na realidade, uma leitura orante dos Atos dos Apóstolos mostrará ao leitor como os dons eram evidentes na vida da Igreja naquele tempo.
A não ser que pensemos que os dons diminuíram ou que não são mais necessários, temos apenas que ler a vida dos santos através dos séculos para ver a necessidade desses carismas em cada geração.
Como homens e mulheres leigos, podemos também ser tentados a acreditar que esses carismas são apenas para algumas pessoas especiais. Este é um erro e uma leitura do Catecismo da Igreja Católica, a respeito dos carismas do Espírito Santo, mostrará que eles são esperados e que deveriam ser uma norma para todos os Cristãos (2003).
Um verdadeiro gigante espiritual de nosso tempo é, com certeza, o Papa João Paulo II, que teve uma vida santa, cheia do Espírito e que manifestou alguns carismas. Talvez tenha manifestado todos eles, mas há relatos registrados de curas, milagres, línguas e certamente grande sabedoria espiritual durante sua vida. Ele foi verdadeiramente uma voz profética em nosso mundo durante seu pontificado e suas palavras continuam a reverberar em todo o mundo.
Um milagre não registrado de cura foi compartilhado conosco em nosso Grupo de Oração por um sacerdote que havia sido diagnosticado com um tumor cerebral inoperável. Em uma visita a Roma, ele participou da audiência geral e ficou perto do corredor onde sua Santidade passaria. JPII veio até ele e sem ter sido informado a respeito da condição de saúde do sacerdote, impôs suas mãos sobre sua cabeça e então prosseguiu em seu caminho.
Ao retornar à sua casa, o sacerdote fez um Raio X do tumor do cérebro e o resultado foi negativo. O tumor não estava mais lá. Este sacerdote nos mostrou, com grande alegria, ambos os Raios X, antes e depois.
Há, sem dúvida, muitos casos onde João Paulo II foi usado pelo Santo Espírito desta forma.
O Pe. Raniero Cantalamessa, pregador da casa Papal, também relata como João Paulo havia pedido oração para receber o dom de línguas. Algum tempo depois, João Paulo reportou ao Pe. Ranieiro, com grande alegria, que ele havia recebido o dom.
Durante os últimos quarenta anos desta corrente atual do Espírito Santo, gigantes espirituais demonstraram os dons do Espírito.O Pe. Emiliano Tardif foi usado poderosamente pelo Senhor nas áreas de cura, milagres, discernimento dos espíritos e outros carismas. A Irmã Briege McKenna ainda continua a servir o Senhor e tem sido usada, consistentemente, no ministério de cura. É interessante observar que ambos iniciaram seus ministérios após terem sido curados miraculosamente.
À medida que você lê as vidas do Santos, tome nota dos carismas que mencionamos e você verá que gigantes carismáticos nunca faltaram.
O boletim completo do ICCRS (Escritório Internacional da RCC) acompanha a Revista Renovação. A Revista é distribuída, de graça, a todos que colaboram com os Projetos de Evangelização da Renovação Carismática do Brasil.

Por um Movimento profético e militante


 A seção de Formação do portal RCCBRASIL traz, nesta e nas próximas semanas, pregações e homilias ocorridas durante o XXIX Congresso Nacional da Renovação Carismática Católica. São momentos de grande unção e de conteúdos interessantes para nosso crescimento espiritual.
A militância apostólica e a combatividade profética foram abordadas pelo presidente do Conselho Nacional da RCCBRASIL. Veja a transcrição dos principais momentos da palestra e veja como os membros do nosso Movimento podem ser os protagonistas da implantação da Cultura de Pentecostes na nossa realidade.

Hoje, queremos partilhar um pouco mais sobre a vida do Movimento. A Renovação Carismática Católica que prega a Palavra, que esse ano se dedica mais a viver a Palavra. Me empolga muito na RCC, esse Movimento que eu conheço desde a minha infância, que nós temos um amor especial pela Palavra, nós vemos muito isso nos nossos Grupos de Oração. Por isso escolhemos neste ano, um ano que precede muitos anos do nosso 50 anos da Renovação Carismática, para dedicar inteiro para a Palavra de Deus.  Isto está em sintonia com a Igreja do Brasil e do mundo todo, a Igreja tem se preparado para viver a Palavra de Deus.
Irmãos, eu quero partilhar com vocês nesse momento a vida do Movimento de forma mais pedagógica, poder falar sobre o que estamos fazendo. Nós temos começado o dia assim, com a pregação com a Palavra. E precisamos da Palavra para nos motivar. Mas aqui estamos entre protagonistas da Renovação Carismática, coordenadores, dioceses, o Conselho Nacional, Grupos de Oração, lideranças reunidas aqui em Belo Horizonte. E nós queremos todos os dias falar sobre a vida do movimento. Estamos chamando esse momento de “Renovação em missão”. E hoje nós temos um subtítulo: Eu amo a RCC!
Isto é um projeto amplo, não vou falar dele pra vocês. Eu tenho a missão de trazer para vocês o nosso Planejamento Estratégico para os próximos anos. Eu não falarei dele para vocês em termos técnicos, mas apresentarei os resultados. E eu digo que é importante que nós que estejamos protagonizando, que estejamos a frente, mas temos que conhecer o movimento. Porque você não ama aquilo que não conhece. E se não se ama, não se envolve, não consegue trabalhar.
Nós temos cada vez mais um povo muito comprometido com a RCC. O compromisso não se mede por números, por quantidade, mas, como dizia lá em Macabeus, é pela força do Espírito Santo que este pequeno grupo tem capacidade impulsionar a vida de um grande Movimento. Porque se deixa envolver pelo mover do Espírito nesses tempos. E nós cremos que o Ele se move na Igreja. O Rogério [Soares, coordenador do grupo de reflexão teológica da RCCBRASIL] nos presenteou com uma pregação sobre a cultura de Pentecostes. E cultura é onde o homem pensa, age, se move. Mas na verdade, o que está à frente de tudo isso a impulsionar é o Espírito Santo. E nos cremos que Ele se move na história dos homens. E não fica de fora só a observar, mas entra na nossa história perpetua a sua ação nosso meio.
Irmãos, Deus não nos deixa órfãos nesse tempo. É o Espírito Santo que age nas historia dos homens. Há momentos em que a história humana fica confusa. Há momentos de crises e de grandes dificuldades. Nós percebemos que nesses momentos nós temos algo a dizer e a fazer. Somos um Movimento que tem uma responsabilidade muito grande. Nós temos essa obrigação, porque as pessoas têm esse direito: seja de forma oportuna ou inoportuna. As pessoas têm o direito de ouvir o Evangelho. Não sei como esse Evangelho te alcançou. De repente foi de uma forma inoportuna. Mas nós podemos testemunhar que um dia fomos transformados pelo poder de Deus, pelo poder desse Espírito Santo que se move na história e continua a testemunhar através de homens e de mulheres que Jesus Cristo está vivo e é o Senhor da história. Eu e você acreditamos nisso e por isso nós queremos nos desgastar, gastar os últimos anos de nossas vidas.
E a RCC é um movimento organizando, tem uma estrutura que nos ajuda e deve colaborar para isso. Por isso nós pensamos: vamos planejar de forma mais elaborada a vida da RCC para os próximos anos. Mas isso não pode ficar na cabeça e no coração de algumas pessoas que dirigem o Movimento. Isto tem que estar aberto. Todos nós que somos e amamos a RCC temos que conhecer. Hoje está mais corrente em nosso meio e mais fácil dizer assim: eu amo a RCC. E não é porque amamos menos outras coisas. Ou porque esquecemos que antes de sermos RCC, somos católicos. Mas é porque foi a Igreja que nos deu a Renovação. E se nós conhecemos bem a historia da RCC, sabemos que ela sempre esteve muito presente dentro dos contextos em que ia se dando a história da Igreja. Se nós formos contar aqui essa história temos que voltar mais de um século. Mas se quisermos contar a história completa, temos que voltar para Pentecostes. Quarenta e três anos de história eclesial. Ela nos é dada pela própria Igreja.
E nós amamos muito principalmente porque, na história de muitos de nós católicos, aqui redescobrimos a nossa fé, redescobrimos Jesus, redescobrimos a ação do Espírito Santo nestes tempos e nos sentimos a vontade de vivermos isso de forma espontânea, de forma que o nosso testemunho se faça obrigatório nestes tempos em que o Evangelho tem encontrado muitas portas que querem se fechar. Por isso a RCC é e deve ser, ao longo dos próximos anos, um movimento profético. E um movimento profético é aquele que escuta a Deus, que fala e vive o que Ele diz. É um movimento que escuta a Deus e o obedece. Se nós escutamos a Deus e paramos por aqui, nada acontece. Mas se nós o obedecemos, nós vamos começar a trabalhar com um novo ânimo. Quem escuta a Deus trabalha com um animo revigorado.
E eu quero pegar a Palavra de Deus, que nos ajuda nisso: “Que os homens nos considerem, pois, como simples operários de Cristo e administradores dos mistérios de Deus” (1Cor 4, 1). A nota de rodapé fala dos mistérios de Deus, os segredos de Deus revelados aos homens. E nós conhecemos isso dentro da RCC. Eu, por exemplo, conheci muito pequeno. E quando a gente vive isso dentro de uma caminhada que dura décadas, parece que tudo aconteceu ontem, vivemos hoje com o mesmo gosto. Descobrir e viver os mistérios que Deus tem para aqueles que Ele quer revelar. Há um desejo em Deus e um gosto de revelar as coisas que estão em Seus conselhos secretos. E quando Deus faz isso com um homem e uma mulher, nós temos nossas vidas transformadas, modificadas. Nós queremos entregar o resto de nosso tempo e de nossa história para Ele. Foi isso que aconteceu quando fomos batizados no Espírito Santo. E muda a história da vida de uma pessoa, dá novo sentido para a vida: conhecer o coração de Deus. É por isso que nós amamos esse movimento. Descobrimos que é possível conversar e entrar nos mistério divinos, que existe algo que Deus quer contar para nós.
Nós cremos nas promessas de Deus. O Congresso é um momento de graça porque nele se renovam as promessas em nossas vidas. Muitos de nós chegamos a esse momento de caminhada do ano já desgastados porque trabalhamos bastante em nossas vidas particulares, no nosso trabalho secular e eclesial. Às vezes ao longo de alguns anos, Deus tem falado com você e comigo ou na vida do nosso Movimento e nós às vezes esquecemos. Ou porque Deus tarda um pouco a realizar, nós ficamos pensando que Ele não vai cumprir as promessas. Mas Ele cumpre o que diz. Deus já falou no seu coração? Deus já falou na vida de RCC muitas vezes. Ele cumpre ao longo de nossa historia, nossa vida.  Ainda que Ele tarde. Nós cremos que Ele faz o que diz: Ele é fiel. Os mistérios de Deus são acessíveis aos homens neste tempo. E Ele nos pede para que sejamos operários que administram os mistérios de Deus.
Cada um que está aqui é operário, alguém que está a serviço.  Esse Conselho Nacional está aqui porque vocês assim o elegeram em seus estados e dioceses. A RCC é, portanto, um movimento que tem essa representatividade. A presidência é escolhida e se renova periodicamente. Então a vida do Movimento também se renova nas suas estruturas. E nesse tempo que nós estamos a frente, Deus fala a diferentes grupos de pessoas e nós temos que executar aquilo que ele fala.
O tempo é oportuno, temos que nos desgastar bastante. E quando nós convocamos um congresso como este, nós queremos partilhar e dizer assim: a RCC está em movimento a partir do Espírito Santo e tem ações a concretizar. E nós não podemos fazer isso sem que todos vocês conheçam e abracem. Nós não podemos delegar isso só a um grupo de pessoas que fazem o discernimento, mas isso tem que chegar às realidades mais distantes que são os Grupos de Oração, onde acontece por excelência a vida do Movimento.
Existe aqui um conteúdo que vale a pena você escutar, ler, ver e gravar. Eu espero até que parte desse conteúdo se torne canção, como tantas coisas têm se tornado canção na RCC.
Uma missão nasce de uma visão. E o bonito é que o Espírito Santo que é derramado em Pentecostes enche o coração daqueles homens e mulheres que lá estavam com sonhos e visões. Você tem sonhos e visões no seu coração? É fruto de Pentecostes. Isso me lembra um pouco o Documento de Aparecida.  Nele, temos assim um chamado a construir, na Igreja como um todo, espaços de oração calorosos, ardorosos, que rompam com o comodismo e cansaço. Então nós queremos a RCC na condição de um movimento ardoroso, organizado, unido e missionário.
Um profeta tem nos ajudado muito nesse ano da Bíblia, de planejamento: Neemias.  Neemias tinha uma situação difícil, desafiadora, impossível de ser realizada. Então, se coloca diante de Deus e começa a orar e jejuar, a chorar diante de Deus para realizar o desafio muito grande que muitos já tinham tentado e não tinham conseguido. O que acho bonito aqui, profundo, é que Neemias conhece a Deus, vai agora mergulhar nos mistérios de Deus, vai falar que ele entende que o seu povo está vivendo na miséria como conseqüência do pecado de seus pais e deles. Que Deus é fiel, mas que Deus não pode cumprir a sua promessa neste momento na vida do povo porque eles se encontra desobediente e infiel. Vocês vão ver que Neemias também lembra a Deus que há uma promessa, uma aliança, que Ele faz com Moisés. Então Neemias ora, jejua se humilha e lembra a Deus que a promessa é para o povo escolhido.
Nós estamos aqui como um povo reunido, com uma visão de Deus no coração, que deseja transformar uma nação e fazê-la cada vez mais batizada no ES. Temos que renovar, mas como? Organizar o Movimento. Escutar Deus e fazer a sua vontade. Como? Através da disciplina espiritual. Temos que ter os muros sem brechas. Neemias foi ousado. Ele recorreu à Palavra de Deus. Foi buscar na história antiga. Eu sou teu profeta nesse tempo, diz Neemias. Deus tem promessas para nós. É tempo de retomada das promessas para o Movimento.
O que vamos fazer com as promessas? Acomodarmos? Não! Temos que nos tormar mais amigos de Deus, retomar as praticas espirituais. É um chamado a todos que estão aqui. Você é chamado a viver uma vida nova. Você que diz que ama a RCC, com um novo compromisso com o Movimento. Que deseja transformar uma nação e fazê–la cada vez mais batizada no Espírito Santo. Todos desafios grandes! O nosso Movimento tem o desafio de se renovar a cada tempo, a cada período. Eu e você temos que nos renovar a cada período e coordenação. E a gente faz isso bem. Quem está a frente deve prezar em organizar o movimento.
Mas só isso não é suficiente, esse Movimento deve ser profético. Um movimento que escuta a Deus e faz a sua vontade. Mas como se escuta a Deus e faz a sua vontade? Certamente temos aqui segredos, precisaremos de uma disciplina espiritual. Neemias tinha que reconstruir as muralhas, isso traz para nós uma força simbólica muito grande. Às vezes alguns podem nos perguntar: mas reconstruir as muralhas não vai ser uma forma de fechamento em si mesmo? É óbvio que não queremos isso. Quando usamos aqui Neemias como um profeta para nos inspirar, o significado dos muros que estão destruídos e precisam ser reconstruídos tem aqui um significado mais profundo. Há toda uma dimensão espiritual e profunda. Nós não podemos deixar brechas, porque, senão, os inimigos invadem. Um movimento que escuta a Deus e quer se colocar em missão precisa estar bem organizado e espiritualmente bem. Ele tem que ter seus muros sem brechas. Neemias é um profeta que é amigo de Deus. Porque aos amigos, Deus dá essa prerrogativa de poder ousar diante Dele.
É bonito porque nós focamos na Palavra de Deus esse ano e Neemias recorreu a Palavra de Deus, lembrou a Deus da promessa feita a Moises, foi buscar na história antiga: “Senhor, lembra a professa que Tu fizeste para o teu amado amigo Moisés? Ele não está mais no meio de nós. Mas hoje eu quero reivindicar a promessa de que, se o Teu povo novamente se unir e reconhecer as suas faltas, Tu podes resgatar o Teu povo. E reuni-lo dos lugares dispersos e colocar de novo em Jerusalém”.
Deus tem promessas e quantas vezes Ele já fez promessas para mim e para você. É tempo de retomar as promessas de Deus na sua vida. É tempo de retomada das grandes promessas de Deus para o Movimento. Você já esteve em grandes congressos, você já viu quantas promessas Deus deu para nós e quantas Ele tem cumprido. Por isso, esse Congresso tem esse tema: “Proclama a Palavra, anuncia a Boa Notícia”, porque nós teremos muitas boas notícias para dar para vocês. De promessas que estão se cumprindo. O que vamos fazer nós agora? Vamos ficar acomodados? Não! Mais um motivo para nos apoiarmos na palavra de Neemias e não deixarmos brechas nos muros e sermos mais amigos de Deus. Eu tenho saudade de coisas que aconteceram na minha vida da RCC. Você não tem saudade de coisas bonitas, fortes, sofridas, mas que te edificaram? Eu tenho lembranças muito boas e que até hoje fazem parte da minha vida. E uma das coisas que eu aprendi com esse Movimento, e que eu e você temos que reaprender, são as práticas espirituais daqueles que se tornam amigos de Deus. Que nos ajudam e nos fortalecem nesses tempos que exigem de nós o que está escrito aqui.
O Rogério falou para nós com uma visão antropológica sobre o que é cultura. Nós não precisamos dominar essas coisas, porque tem gente que fará isso com mais precisão. Mas vejo que a RCC quer trabalhar para a implantação de uma nova cultura. Os valores que nós herdamos nos nossos pais da fé têm sido perdidos e dilapidados, como diz o Documento de Aparecida, o que gera uma cultura de morte que precisamos enfrentar. E isso gera em nós essas palavras que colocamos com tanta precisão aqui: militância apostólica. Militância que alguns não gostam de utilizar porque acham que pode ter um cunho ideológico. Mas não tem, aqui está com sentido teológico inclusive.
 Nós somos essa Igreja que está aqui no dia-a-dia, no mundo. Nós somos a igreja militante. Que quer agir com um tipo de profecia que envolve um combate, uma luta. Por isso sim, combatividade profética. Os profetas não são muito bem vistos no seu tempo. Muitos são calados, sofrem perseguições porque o profeta precisa falar aquilo que Deus manda falar e às vezes isso não agrada. Principalmente no mundo de hoje, que não aceita os valores que recebemos e que tenta colocar valores com os quais não concordamos.
É um chamado a todos os que estão aqui e eu preciso dizer isso para vocês: nós poderíamos fazer um encontro onde se emenda uma pregação atrás da outra. Esse momento é de chamar a responsabilidade daqueles que amam a RCC. Você está sendo chamado a uma vida nova, de profeta e está sendo chamado a combater, a lutar, a militar nesse mundo. O tempo de comodismo já passou. E eu espero que esse Congresso possa marcar sua vida a um tempo de um chamado a um novo compromisso com a RCC. Se nós que somos membros efetivos do movimento não cuidarmos dele, quem cuidará?
Eu quero chamar a todos que estão aqui a um novo patamar de comprometimento com a RCC. Você está sendo chamado pelo próprio Deus e com todo o Conselho Nacional, que tem vivido isso, que tem orado por isso e que percebe que há todo um mover novo do Espírito Santo no nosso meio para um grande despertar espiritual. De pessoas que estão comprometidos com a sua Igreja e com esse Movimento, com o qual nasceram de novo pelo poder do Espírito. Eu espero que vocês estejam prontos a dar uma resposta efetiva a esse chamado que estão recebendo.
Sei que muitos chegaram aqui cheios de problemas. Mas quem não os tem? Segunda-feira, voltaremos para casa e os problemas continuarão. Nós não estamos prometendo uma etapa mais fácil na sua vida. Mas nós estamos convocando o povo da RCC para um novo nível de comprometimento porque queremos preparar a RCC para que, em 2017, quando ela completar 50 anos, seja um movimento mais vigoroso, com mais Grupos de Oração, com mais vida e cheio de pessoas como nós, que foram batizadas no Espírito e foram transformadas pelo poder da Palavra de Deus. Você está disposto a isso?
Marcos Volcan
Presidente do Conselho Nacional da RCCBRASIL

Grupo de Oração, comunidade fraterna



Grupos de Oração sem a experiência do Batismo no Espírito Santo, exercício dos carismas e o cultivo da vivência fraterna, revelam uma face desfigurada da RCC. Reflitamos a esse respeito tendo por base o texto de Rogério Soares, para a Revista Renovação, edição nº70, que nos traz, também, um comovente testemunho  sobre o que pode acontecer quando um Grupo de Oração vive plenamente sua identidade.

Por
Rogério Soares
Coordenador Estadual da RCC São Paulo
Grupo de Oração Kénosis
A identidade carismática é marcada por três elementos essenciais: o batismo no Espírito Santo, o exercício dos carismas e a vida fraterna. Embora existam outros ambientes em que a prática desse conjunto de elementos possa acontecer, o Grupo de Oração é, sem dúvida, um lugar privilegiado para que se viva profundamente tais experiências.
Dizemos “lugar privilegiado” – não exclusivo – pelo fato de que no Grupo de Oração tais experiências emanam “de modo natural” como decorrência da abertura da comunidade reunida à experiência do Espírito. Há na comunidade ali reunida uma fé expectante no agir de Deus que se manifesta por meio do Batismo no Espírito Santo, que derramará seus dons e carismas e possibilitará a experiência de vida fraterna.
Esses três elementos confirmam e autenticam a identidade carismática. Por isso mesmo, o rosto de um Grupo de Oração – comunidade carismática – só pode ser percebido na integração desses três elementos, no mínimo.
Na Renovação Carismática Católica, dois desses elementos estão sempre em relevo: as chamadas experiências de Batismo no Espírito e a prática dos carismas. De fato, esses dois elementos são emblemáticos e não podem ser relegados a um segundo plano ou postos como adornos na vida do Movimento. Isso significaria desfigurar o rosto da RCC, tornando-a dispensável à própria Igreja Católica. Renunciar a esses elementos significaria nossa desfiguração ou deformação do rosto carismático que trazemos por vocação na Igreja.
Ora, o mesmo vale dizer para o elemento “vida fraterna”, que com os outros dois anteriores ajudam a caracterizar a identidade carismática da RCC. Tão imprescindível quanto o batismo no Espírito Santo e a prática dos carismas, a vida fraterna torna-se elemento constitutivo na legitimação de nossa identidade carismática. Ninguém é batizado no Espírito Santo para continuar vivendo no isolamento. Pelo contrário, a experiência do Espírito abre a pessoa à experiência comunitária, no amor de irmãos que, assim como ela, também se descobriram amados por Deus. A pessoa é atraída – não forçada – para uma comunidade, lugar onde poderá exercitar os carismas recebidos, crescendo em “sabedoria e graça” (Lc 2,52).
Grupo de oração, lugar de vida fraterna
O Novo Testamento revela que o grupo dos discípulos de Jesus já mantinha grande convivência mesmo antes de Pentecostes. Desde que foram chamados por Jesus, os discípulos já faziam uma experiência de vida fraterna, assistida e coordenada pelo Mestre. Enquanto aguardavam o cumprimento da promessa (At 1,4), eles permaneciam em Jerusalém, na sala do Cenáculo. Aguardavam como comunidade reunida.
Podemos tirar dessa afirmação ao menos três questões relevantes para nossa reflexão: 1) Pentecostes é uma experiência vivida “na comunidade”; 2) Embora seja na comunidade, a experiência do Espírito é pessoal; 3) Uma consequência constitutiva de Pentecostes é a vida em comunidade.
1) Pentecostes é uma experiência vivida na comunidade
Quando o Espírito Santo foi derramado no dia de Pentecostes (Cf. At 2), Lucas escreve que “eles estavam reunidos no mesmo lugar” (At 2,1). Alguns dias antes, dois deles haviam se destacado do grupo e caminhavam para fora da cidade quando o próprio Jesus lhes aparecera convidando-os a retornar à cidade e a juntar-se novamente à comunidade, até que fossem revestidos da força do alto (Cf. Lc 24,49). Ora, não foi obra do acaso o fato de o Espírito Santo ter se manifestado quando os discípulos estavam reunidos em comunidade.
A imagem da comunidade reunida aguardando o derramamento do Espírito Santo não nos parece ser a imagem mais próxima daquilo que marca nossos Grupos de Oração? A reunião de oração de um povo que aguarda com “fé expectante” a manifestação poderosa do Espírito é a forma mais autêntica de definir o significado de um Grupo de Oração. O Espírito Santo vem quando eles estão reunidos. A importância de “permanecer reunidos” em comunidade para a concretização da promessa do Consolador (Jo 14, 16) é essencial para o evento Pentecostes.
2) A experiência do Espírito é pessoal
Não obstante ao fato de Pentecostes ser uma experiência comunitária, o texto dos Atos dos Apóstolos sublinha o fato de que as “línguas de fogo pousaram sobre cada um deles” (At 2,3).
Chamamos de “experiência pessoal do Espírito” a realidade que cada um experimenta individualmente quando Deus derrama seu Espírito na comunidade reunida. O Espírito é dado a todos, mas cada um o recebe na medida da abertura de seu próprio coração. Não se trata de uma experiência “de massa”, por indução ou por “contágio”. O Espírito de Deus visita a comunidade e enche a todo que se deixa por Ele ser tocado. O “sim” ao Espírito é fruto da liberdade de cada fiel que se abre à experiência de amor.
Tal experiência individual, no entanto, não mantém o fiel no isolamento ou na indiferença ao irmão. Ao contrário, tanto mais a experiência do Espírito atinge a particularidade de cada pessoa, quanto essa pessoa vai abrindo-se à vida fraterna em comunidade. À medida que se descobre o agir do Espírito na vida interior, aumenta na mesma proporção o grau de aproximação da pessoa com a comunidade. Essa é uma forma de verificação da realidade de Pentecostes na vida do fiel.
É fundamental, portanto, ao Grupo de Oração, que cada um viva sua experiência pessoal do Espírito de forma contínua, pois isso resultará em grande graça para cada participante e para toda a comunidade. Na medida em que “a graça de Deus cresce em nós sem cessar”, vamos tornando-nos expressão dessa mesma graça para nossa comunidade, favorecendo assim nossa vida fraterna.
As divisões dentro de um Grupo de Oração não são frutos de meros impulsos humanos, mas no fundo, da ausência da graça de Deus em nós. O afastamento da vida na graça de Deus poderia tornar-nos insuportáveis uns aos outros. Sem a presença do “amor de Deus derramado em nossos corações” (Rm 5,5) como poderíamos ser chamados de irmãos?
Por isso, faz-se necessário pedir sempre um novo Pentecostes para cada pessoa presente no Grupo de Oração, individualmente.
3) Uma consequência constitutiva de Pentecostes é a vida em comunidade
Chegamos aqui ao ponto central de nosso tema. Pensar o Grupo de Oração como uma comunidade fraterna é tocar na consequência objetiva mais impactante de Pentecostes. Mais desconcertante do que a manifestação miraculosa dos carismas de profecia, cura e pregação na comunidade primitiva, o testemunho de uma comunidade fraterna (frater = irmãos) deixava os concidadãos dos discípulos intrigados. “Vejam como eles se amam”, diziam a respeito daqueles seguidores de Jesus que há pouco recebera o Espírito Santo. Era o cumprimento do mandamento do Senhor: “Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros” (Jo 13, 35).
Traduzimos por “comunhão fraterna” o termo grego koinonia. Trata-se da união espiritual dos que se deixaram batizar na mesma fé e que assumiram um projeto de vida comum.
Se antes da vinda do Espírito era possível a comunidade permanecer reunida, agora com o derramamento abundante da graça do Espírito será possível atingir o aperfeiçoamento da vida comunitária. O sonho de viver como irmãos tornar-se-á possível exatamente por auxílio da graça derramada. As disputas ou divisões podem ser superadas, pois “o amor foi derramado nos corações” (Rm 5,5). A partilha não será uma utopia para quem se deixou tocar e conduzir pelo Espírito. “Eles tinham tudo em comum” (At 4,32).
Quando a experiência do Espírito toca-nos profundamente o mais íntimo do coração, somos convencidos de que a comunidade de irmãos (embora ainda repletas de limitações e fragilidades humanas) é um verdadeiro refúgio e fortaleza na luta contra tudo o que há de mal no mundo.
Nesse sentido, o Grupo de Oração é um lugar privilegiado para a experiência fraterna! E para que essa realidade se concretize na vida cotidiana do GO é preciso que cada participante saiba de sua importância, como colaborador do Espírito no aperfeiçoamento da vida fraterna da comunidade.
A atitude de acolher não deve ser delegada a um grupo de pessoas, apenas. Embora exista normalmente um ministério ou equipe de acolhida em nossos Grupos de Oração, a função de acolher ao próximo é papel de todos. Coordenadores, servos e participantes devem se deixar conquistar pela graça do acolhimento, dom próprio do Espírito derramado na vida da comunidade.
A fraternidade não deve existir somente em função de uma necessidade ou situação inusitada. Ela deve ser constitutiva na vida do Grupo de Oração. Acolher com alegria e cuidar uns dos outros é um dos sinais evidentes de Pentecostes.
Um testemunho
Participo de Grupo de Oração há quase 25 anos. Durante esse tempo vivi e continuo vivendo muitas experiências que acabam por deixar marcas profundas em minha história pessoal. Quantas curas miraculosas, vi acontecer pela manifestação de legítimos carismas no meio da comunidade. Quantas pessoas eu vi mudarem de vida depois de terem vivido a experiência de batismo no Espírito Santo. Em minha vida mesmo, quantas mudanças percebi como decorrentes dessa ação do Espírito! Louvo a Deus por tudo o que Ele fez em mim!
Preciso afirmar, entretanto, que as experiências que mais marcaram minha vida e da minha família foram as experiências de vida fraterna no seio do Grupo de Oração.
No ano de 1996, passamos por uma grande dificuldade que atingiu nossa vida financeira. Morávamos de aluguel e recebemos comunicado de despejo, pois estávamos entrando no terceiro mês de atraso no pagamento. Não tínhamos condições de pagar aquele valor e não sabíamos como resolver aquela situação. Eu e minha esposa buscávamos encontrar saídas para aquele episódio de constrangimento e preocupação para com nossos filhos. Rezávamos e íamos com nossos filhos ao Grupo de Oração. Eu e minha esposa fazíamos parte do Ministério de Música e éramos responsáveis pela animação de louvor na reunião de oração. Nossos problemas nunca nos impediram de assumirmos nosso ministério com alegria.
Enquanto apresentávamos por meio da oração esta situação difícil diante de Deus, alguns irmãos do Grupo de Oração ficaram sabendo de nossa situação e naquele momento pude ver a consequência do batismo no Espírito Santo acontecer de forma bastante concreta no testemunho comunitário do meu Grupo de Oração. Fizeram uma coleta entre eles, sem que eu soubesse, e me ajudaram a quitar meus aluguéis atrasados e contas de água e luz. Cuidaram de minha família, como pastores que cuidam de suas ovelhas. Supriram nossas necessidades de alimentos durante cerca de seis meses, até que eu tivesse melhorado minhas condições. Até o material escolar de minhas crianças era providenciado por Deus pela ação fraterna dos membros do Grupo de Oração. Não se tratava de um mero assistencialismo. Percebíamos o amor com que realizavam aquelas ações em nosso favor. Tudo estava acompanhado de profundos momentos de oração em minha casa. A atenção que recebemos naquele momento de fragilidade que minha família passava marcou-nos profundamente.
Entendi através daqueles momentos que o testemunho de partilha e comunhão fraterna das primeiras comunidades cristãs não era uma utopia. Eu vi em minha própria vida esta consequência de Pentecostes. Aquela atitude de acolhida testemunhou e consolidou na comunidade o batismo no Espírito Santo. Eram sinais da Cultura de Pentecostes!
Quantas pessoas podem estar participando de nossos Grupos de Oração  e que estão precisando ser acolhidas e cuidadas com mais atenção? Seria justo celebrar durante uma hora e meia ao lado de uma pessoa que se senta ao nosso lado na Igreja, cantando cantos alegres e ouvindo a Palavra de Deus, sem sequer saber o nome e o lugar de onde aquela pessoa vem? E se ela não voltar, quem perceberá sua ausência? Quantos dentre os próprios servos vivem verdadeiras lutas sem poder contar com a ajuda dos irmãos de comunidade...
Devemos continuar com os olhos voltados para o céu, esperando as respostas de Deus, mas precisamos manter também os braços abertos e estendidos para acolher cada um daqueles que foram atraídos ao nosso Grupo de Oração. A experiência de amor vivida em comunidade deixará marcas profundas na vida de todos, sobretudo na vida daqueles que receberem esse amor fraterno.
Peçamos continuamente o batismo no Espírito Santo em nossas reuniões de oração para que a comunidade, repleta dos dons e carismas do Espírito, seja capaz de traduzir tudo isso num autêntico testemunho de vida fraterna.

Seminário de vida -RCC